Uma das mais singelas formas de agir, de que é capaz o ser humano, estava esquecida.
Não havia nem tempo para que fosse lembrada, e nem sequer a razão de ser lembrada. Tudo era tão incrivelmente materializado, que até os sentimentos acabaram ficando piegas. Agradecer.
Simples, pura, básica resposta aos ganhos que se recebe. Mas, para que ocorra é preciso que haja o reconhecimento desses ganhos. O atual momento que vive o Planeta, entre tantos pontos, aclara mais este.
Vieram à tona, na realidade, ao seu verdadeiro “status”, valores que são dádivas, que são “ganhos”, mas que viraram tão triviais ou tão “normais”, que não requeriam nenhum agradecimento.
Exemplo? A vida.
Mais um? A saúde que sustenta esta vida.
E, nesta corrente, cada elo é parte desta vida, cada elo é importante, cada elo é um presente com que todos são agraciados e que são passíveis, sim, de agradecimento.
E assim, mais um sentimento é tocado: a gratidão. Mais uma vez esta dura prova serve para desnudar o homem, para lapidá-lo e, através do sofrimento, fazer aflorar emoções que há muito, jaziam inertes ou encobertas por soberba, egoísmo e vaidade. O posicionamento humano de superioridade, de independência e de robustez, face à trajetória existencial foi abalada. Frágil, viu-se só, frente ao desconhecido. E foi ficando só mais ainda, frente ao necessário isolamento.
Frágil, ficou sem o outro, mas o outro, os outros, existem. E cada vez mais presentes, na compreensão da sua necessidade, da sua cumplicidade, do seu auxilio, do seu apoio. Assim como estas : vida, saúde, e a significação do outro na vida de cada um, muitas outras coisas estão sendo repensadas e revalorizadas. E os seres, já deixando o pedestal em que se colocavam, começam a rever suas posições, num outro patamar. Valores são vistos de forma diferente, adquiriram sentido.
A vida mostrou-se finita e perigosamente instável. A saúde, ameaçada por um vírus sem controle e sem condições de ser erradicado, e os outros, todos os outros, assim como cada um, à mercê desse invisível mal. Neste quadro, em algum momento, ao pensar nos “ganhos”, ou “dádivas”, em tudo o que a vida, a saúde, e o outro, os outros trazem de afeto, de beleza, de paz, de felicidade, de experiências de dor também e sofrimento, mas de esperança em novo tempo.
Ao pensar em tudo isto, vem a gratidão. E aquele sentimento desnecessário, como se tudo o que havia fosse obrigação de acontecer, começou a fazer sentido. Obrigado pela vida! Obrigado pela saúde! Obrigado pelos irmãos do caminho, pais, filhos, irmãos, família, amigos, todos.
Agradecer. Hoje está sendo resgatado esse tempo. A falta, a ameaça da perda, a necessidade, faz amadurecer. Humildade é uma dessas demonstrações. Reconhecimento é decorrência também.
Agradecer. Mais uma aprendizagem. Mais um hábito, condizente com o Novo Tempo!
Senhor! Que lição!
Obrigado pela tua ajuda!
Obrigado por nos fazer crescer!
